Low Code: especialista aponta mitos sobre o assunto

Diante da escassez de mão de obra na área de tecnologia e também do perfil de alguns negócios de não terem a necessidade constante de uma equipe para atividades que envolvem desenvolvimento de aplicações, o low code vem se tornando uma tendência no mundo inteiro. De acordo com a Gartner, até 2023 mais de 50% das médias e grandes empresas terão adotado o modelo como uma de suas principais plataformas para a criação de aplicações estratégicas.

As plataformas low code otimizaram as rotinas de trabalho das organizações, tornaram o trabalho de equipes de desenvolvimento mais escalados e possibilitaram a implementação de processos ágeis em várias operações de negócios. Além disso, os custos normalmente são reduzidos, substituindo frequentemente uma equipe robusta de desenvolvedores por uma plataforma com melhor custo-benefício, tornando os setores de tecnologia mais enxutos.

O que é low code?

Apesar de o termo estar cada vez mais em uso, ele não é novo. Desde 2014, a expressão vem sendo utilizada para denominar interfaces de desenvolvimento que permitem realizar atividades de desenvolvimento de aplicações sem conhecer a fundo uma linguagem de programação. O objetivo dessa tendência é democratizar a criação de softwares e outras aplicações.

A plataforma em que a aplicação é desenvolvida em low code é normalmente desenvolvida com uma interface visualmente mais agradável e também mais intuitiva com o objetivo de reduzir a necessidade de escrita de linhas de código. Existem plataformas low code para diversos tipos de aplicação.

O que é citizen developer?

co-CEO da TrueCharge, Tiago Farias

Junto com o termo low code, frequentemente também é citada a expressão citizen developer, que se refere a pessoas que trabalham na operação, analistas de negócios e outros especialistas que se familiarizam com essas plataformas para tornarem-se também desenvolvedores.

Porém, de acordo com o co-CEO da TrueCharge, Tiago Farias, ainda não é possível pensar nesse cenário para aplicações mais complexas conforme a necessidade do negócio. “Infelizmente, isso ainda não é totalmente verdade. É preciso entender que existe uma grande variedade de soluções que estão classificadas como low-code e algumas permitem que os usuários de negócios criem aplicações simples e que podem resolver problemas de negócio. Mas as soluções que realmente suportam a transformação digital e que impactam o negócio não têm esse perfil”, pontuou em artigo distribuído à imprensa.

Desenvolvimento ágil de aplicações

As plataformas low code podem acelerar a velocidade do desenvolvimento de uma aplicação por economizar horas de trabalho que seriam utilizadas no projeto escrevendo linhas de código. Mas para o projeto ter realmente qualidade, de acordo com Tiago Farias, vários fatores devem ser levados em consideração como planejamento abrangente, comprometimento das partes interessadas, boa liderança, profissionais qualificados e capacitados e processos de desenvolvimento.

O co-CEO da TrueCharge explica que existe uma espécie de senso comum de que o uso das plataformas low code podem reduzir a qualidade do produto final, mas ele pondera que esse também é um mito relacionado à tecnologia. “Com o low-code, você pode acelerar a entrega do software com vários benefícios em termos de qualidade, mas não é apenas o uso da ferramenta que garantirá a qualidade da solução entregue”, resumiu.

Existe outra desconfiança na hora de decidir pela contratação de uma plataforma low code que é a falta de flexibilidade na hora de fazer customizações para atender necessidades específicas do projeto.

Tiago afirma, entretanto, que “os componentes padrão das plataformas low-code tratam de funções comuns, genéricas e amplamente testadas do processo de desenvolvimento, que são combinadas para implementar regras de negócio complexas. São recursos que, no desenvolvimento tradicional, despenderiam centenas ou milhares de linhas de código de ações repetitivas, compostos para implementar soluções já conhecidas e que são resolvidas com poucos cliques numa plataforma low-code”, instruiu.

Como funciona uma plataforma low code?

As plataformas low code são projetadas para construir soluções, reduzindo o tempo com a otimização de alguns processos, mas ainda precisam de um desenvolvedor para concluir a aplicação. Em geral, são plataformas com blocos combinados para se chegar a um objetivo ginal.

“Os recursos e componentes de arrastar e soltar (drag-and-drop) cobrem os casos de uso mais comuns de desenvolvimento, reduzindo drasticamente o esforço repetitivo de codificação com desenvolvimento tradicional e liberando a equipe técnica para se concentrar naquilo que são características exclusivas das suas aplicações”, apontou Tiago Farias.

Porém, Tiago lembra que é possível acrescentar programação personalizada em aplicações geradas nas plataformas low code por meio de diversas ferramentas. “As plataformas low-code mais robustas permitem que desenvolvedores de software construam componentes reutilizáveis desenvolvendo extensões com seu próprio código de programação. Aproveitando o uso de APIs, os desenvolvedores podem criar, empacotar e distribuir novas funcionalidades, como conectores para serviços externos, aprendizado de máquina e Inteligência Artificial (IA)”, afirmou.

Escalabilidade de projetos em plataformas low code

Outra questão quando se fala em low-code é a possibilidade de escalar as aplicações, uma vez que devido à baixa capacidade de customização, pode ser mais difícil otimizar a performance em momentos de alta demanda.

Porém, Tiago Farias observa que, para evitar esse tipo de problema, é preciso escolher a plataforma conforme a necessidade de escalabilidade. “As principais plataformas low-code utilizam as tecnologias mais avançadas que permitem suportar a alta disponibilidade e escalabilidade de aplicações que serão utilizadas por até milhões de usuários e processar grandes volumes de conjuntos de dados”, explicou.