Mulheres à frente: startups mostram o diferencial da liderança feminina

As mulheres conseguiram conquistar espaço em todas as áreas e nas startups não seria diferente. Veja uma seleção de startups nas quais elas estão à frente ou em destaque

Apesar de serem mais da metade da população brasileira, as mulheres estão em apenas 13% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do País, de acordo com o Relatório Empreendedorismo no Brasil. O dado, no entanto, não desanimou as mulheres empreendedoras que decidiram começar um negócio relacionado à tecnologia e estão transformando essa área.

Reduzir a diferença entre os gêneros pode ser uma das maneiras mais positivas de impactar a economia, conforme estudo divulgado pelo Boston Consulting Group, que apontou que o PIB mundial poderia ser elevado entre US$ 2,5 e 5 trilhões, apenas igualando homens e mulheres em altos cargos executivos. 

Alguns dos principais desafios das mulheres que resolvem empreender na área de tecnologia e inovação envolvem a jornada tripla de trabalho. Muitas vezes elas têm que conciliar obrigações familiares e em casa com as decisões de negócios e a dificuldade de inserção em uma área dominada por homens. Segundo o DataSebrae, 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios. Destas, 45% são a principal renda da casa. 

Incentivo ao empreendedorismo feminino

Diante desse cenário, várias iniciativas vêm surgindo no Brasil para incentivar a criação ou incentivo a startups lideradas por mulheres, desde projetos independentes, iniciativas não-governamentais e até aceleradoras. Em Florianópolis, SC, por exemplo, o projeto Cocreation Mulher, desenvolvido em parceria com o Sapiens Parque e o Sebrae/SC, vem oferecendo mentorias para aperfeiçoar planos de negócios e uma série de atividades para testar e aperfeiçoar produtos ou serviços. 

A coordenadora do Cocreation Mulher, Karyane Pacheco, considera que o aumento no número de mulheres em cargos de liderança é importante para melhorar a distribuição de renda, combater o preconceito e atingir a justiça social. “As mulheres têm maior tendência à cooperação, lidam melhor com a flexibilização – pois desde de cedo buscam equilibrar a vida pessoal e profissional – tendem a ser mais empáticas e têm maior desenvoltura nos relacionamentos interpessoais. O clima organizacional pode ser mais leve, pois tendem a adotar uma liderança menos autoritária”, diz Karyane.

Startups com lideranças femininas

Do marketing à área de saúde, as startups trouxeram soluções inovadoras ao ambiente empresarial e com elas oportunidades de negócios nos quais as mulheres também estão ocupando os espaços. Porém, o estudo Female Founders Report 2021, da plataforma Distrito com a Endeavor e a B2Mamy aponta que apenas 4,7% das startups do Brasil são fundadas apenas por mulheres. O cenário ainda precisa de muito incentivo para melhor igualdade de gênero. 

Confira uma lista de startups com liderança feminina para se inspirar: 

  • Experta Media

Setor: Martech

De onde é: Niterói – RJ

Liderança feminina:

Flávia Crizanto – CEO Experta Media

Flávia Crizanto –  CEO – Jornalista, 37 anos, começou carreira na mídia tradicional e decidiu transicionar para tecnologia após começar a trabalhar com SEO. Professora universitária nos cursos de Marketing e Administração.

Trajetória da startup: De uma empresa de produção de conteúdo, a Experta Media passou a ser uma solução para construção orgânica de autoridade web e ranqueamento no Google.  

Oficializada em dezembro de 2019, a empresa faturou meio milhão em 2020, já conta com grandes empresas no seu portfólio e pretende chegar ao final deste ano triplicando o faturamento e aumentando a carteira de serviços.

Com um número de funcionários quatro vezes maior em comparação com 2019, mantém cerca de 90% do quadro composto por mulheres. A Experta  também possui um regime de trabalho flexível com 30h semanais e, desde a sua criação, adotou o formato remoto de trabalho, com auxílio home office. 

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? Para que a sociedade consiga realmente se transformar é necessário que as empresas também acelerem a busca pela equidade de gênero. Uma maneira de fazer isso é construindo mais empresas feita por mulheres e que possuam uma estrutura capaz de acolher e se adaptar às demandas femininas.  

  • Liv Up 

Setor: FoodTech

De onde é: São Paulo-SP

Liderança feminina:

Stella Brant – CMO Liv Up

Stella Brant, CMO da Liv Up, é formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal de Minas Gerais, com pós-graduação em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela Business School São Paulo. Durante a sua vida profissional, passou por empresas como L´acqua di Fiori, Anheuser-Busch InBev. Também é fundadora da Explore Aprendizagem Criativa.

Trajetória da startup:  A Liv Up, que recebeu recentemente aporte de R$ 180 milhões, é uma foodtech brasileira de alimentação saudável presente em mais de 50 cidades de todo Brasil. Há 5 anos no mercado, a empresa possui atualmente mais de 600 funcionários e uma área produtiva de 10 mil metros quadrados. A base de sua produção é orgânica e familiar e conta hoje com cerca de 40 produtores parceiros, de quem a empresa compra mais de 100 toneladas de orgânicos todos os meses. 

Com a expansão de portfólio, especialmente de vendas do mercado online e alimentos frescos (in natura), a Liv Up aumentou em 50% a renda média dos produtores no último ano, o que totaliza um pagamento de R$ 15 mil mensalmente por família. 

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? A startup sempre priorizou a contratação de mulheres e públicos para aumento da diversidade em seu ambiente de trabalho. A Liv Up, segue uma política para disponibilidade de vagas, com processos seletivos com vagas exclusivas para negros, mulheres ou pessoas com deficiência, com programas focados na contratação de mães (de meio período), com o objetivo de dar a oportunidade para que as mulheres possam desempenhar sua carreira ao mesmo tempo em que cuidam e dão atenção aos seus filhos. 

  • Nilo Saúde

Setor: Healthtech

De onde é: São Paulo-SP

Liderança feminina: Isadora Kimura, cofundadora e CPO – Kimura é formada pelo ITA com MBA na Stanford University. Antes de fundar a Nilo Saúde com seus outros dois sócios, ela atuou no Vale do Silício, nas unicórnios Quizlet e BetterUp.

Isa Kimura – CPO Nilo Saúde

Trajetória da startup:  A Nilo Saúde é uma healthtec especializada na oferta de software para gestão de relacionamento e cuidado com pacientes. Fundada no início de 2020, é a primeira plataforma de SaaS que utiliza o formato white label no segmento B2B. A telemedicina adiciona ruído na comunicação quando não é bem integrada aos outros passos na jornada do paciente e, por isso, a Nilo Saúde trabalhou para ajudar empresas a passarem por essa digitalização de maneira rápida e simplificada. 

Em sua trajetória no mercado de saúde, a empresa tem entre seus clientes a Porto Seguro, SulAmérica, Grupo NotreDame Intermédica, Leve Saúde e Alper. Além disso, a healthtech já recebeu aporte de 1,7 milhões de dólares de fundos de investimentos como Canary, Maya Capital e investidores-a.

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? 

Times diversos são um fator fundamental para o sucesso da empresa – somos mais fortes pelas nossas diferenças, e não apesar delas. Contratação e treinamento de role models femininos, como nossas CMO, Diretora do Board médico, Head de Cuidado e CPO, ajudam a dar voz para esse grupo, oferecer melhores oportunidades de promoção e desenvolvimento e uma dinâmica de grupo mais saudável. Transparência e segurança psicológica são elementos fundamentais nesse processo de empoderamento: a necessidade de tirar dúvidas, buscar ajuda e tolerar erros de maneira igualitária são as ferramentas para uma mudança sistêmica.

  • Telehybrida 

Setor: Healthtech

Ana Vicenzi – CEO Telehybrida

De onde é: São Paulo-SP

Liderança feminina:  Dra. Ana Vicenzi é Médica, Facilitadora para Telemedicina na comunidade Médica, CEO & Founder da Telehybrida. Atua nas áreas de Gestão em Saúde, Design Thinking e  Inovação. É também Mentora de Telemedicina, professora e palestrante. 

Trajetória da startup:  A Telehybrida visa ampliar o acesso à saúde no Brasil, inclusive levando especialidades que geralmente se concentram nas capitais para os interiores. Conta em seu staff com conselheiros de mercado que são gestores da Academia Médica, iFood e outras grandes startups, e de lá pra cá já foram fechados negócios com algumas empresas até listadas na bolsa. Atualmente mais de 30 mil vidas em diversas partes do Brasil são cuidadas pelos serviços da startup e a meta é fechar 2021 com 100 mil vidas no guarda-chuva da empresa.

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? Existe uma construção histórica de subordinação da figura mulher e um dos mecanismos mais eficazes para desconstruir isso é a ação. Uma ação individual de posicionamento profissional gera entregas de alto valor e uma ação coletiva de apoio mútuo, em que as mulheres aprendam a ser apoiadoras  e incentivadoras  umas das outras. 

  • abler

Setor: RH

De onde é: Curitiba-PR

Thaisa Batista – gestora de recrutamento na Abler

Liderança feminina: Thaisa Batista, gestora de recrutamento da abler, é Graduada em Administração pela UFPR com MBA em Gestão Empresarial pela UTFPR e atua no planejamento, controle e gestão de equipes em projetos e processos de Recrutamento e Seleção há 8 anos. Para otimizar a produtividade de selecionadores e melhorar a experiência de candidatos, fundou o abler para ajudar a desenvolver o mercado de R&S. 

Trajetória da startup: Por quase dez anos, os fundadores da abler atuaram no setor de RH. No ano de 2016, a inconformidade com as necessidades da área de RH os impulsionou a iniciar a criação da abler, com um software de recrutamento e seleção. A abler já conquistou mais de 250 clientes por todo o Brasil e mais de 33 mil vagas já foram fechadas na nossa plataforma, conquistando um tempo médio de sete dias para o fechamento de vagas. Hoje a startup tem mais de 2.5 milhões de profissionais cadastrados no software.

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? Porque acredita que é preciso acabar de uma vez por todas com a desigualdade de gênero que infelizmente ainda é uma realidade no mercado de trabalho e a partir do momento que temos mulheres em posições de liderança e cargos estratégicos, servimos de exemplo e de inspiração para as novas gerações que estão cada vez vindo mais preparadas e qualificadas.

  • Nuvidio

Setor: Customer Service

De onde é: Belo Horizonte – MG

Janu Queiroz – COO Nuvidio

Lideranças femininas: Janu Queiroz, COO e cofundadora da Nuvidio, mãe de dois filhos e formada em Comércio Exterior com pós graduação em Marketing, Finanças e MBA Executivo pela FDC (Fundação Dom Cabral), Janu chegou ao cargo de superintendente de Marketing e responsável pela área de Inovação do Banco SEMEAR e, ao lado dos sócios, em 2019 decidiu fundar a Nuvidio e investir em uma nova forma de atendimento.

Trajetória da startup: Em 2019, os três sócios identificaram um gargalo no mercado: a carência por uma solução de videochamadas entre empresas e consumidores. Diante desse cenário, nasceu a Nuvidio. No segmento B2B, a startup atua com empresas de grande porte na área de vendas, relacionamento com cliente e inovação e também tem parcerias com plataformas de e-commerce, call centers e fornecedores de software de comunicação. Atualmente conta com clientes como BMG, Algar, Almawave, Rede de Shopping Tacla, InstaAgro, Fair Closet, Gr1d, dentre outros. Recentemente, a startup  recebeu R$ 1 milhão em aportes financeiros da DOMO Invest e Urca Angels, além de investidores-anjo. 

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? Não acreditamos em um mundo desigual. Não acreditamos em uma sociedade que cria barreiras por diferenças de gênero, raça ou religião. Não acreditamos em um negócio que não impulsiona a diversidade como um grande fator de geração de valor. O empoderamento feminino é uma forma de gerar conhecimento para as mulheres garantindo acesso aos seus direitos, quaisquer que sejam. Nós da Nuvidio acreditamos que, através de uma comunicação clara e inclusiva, é possível gerar conhecimento e poder.

  • Deep Legal

Setor: Lawtech

De onde é: São Paulo – SP

Vanessa Louzada, CEO da Deep Legal

Lideranças femininas: Vanessa Louzada, CEO da Deep Legal, sempre teve vontade de empreender por causa da influência dos pais. Graduada em Direito e em Psicologia, trabalhou em escritórios de advocacia e chegou a ser gerente do jurídico do Banco Santander em São Paulo. Resolveu que precisava empreender na área jurídica para oferecer soluções de inteligência de negócios na área legal.

Trajetória da startup: A Deep Legal utiliza técnicas estatísticas e tecnologias Big Data, Machine Learning e Inteligência Artificial para coletar dados, normalizá-los e transformá-los em informação consistente a fim de criar uma nova experiência aos profissionais jurídicos na otimização do seu trabalho de modo que possam informar, monitorar, comparar e predizer carteiras de ações judiciais. O faturamento da empresa em 2020 foi de R$ 1,8 milhões, com previsão de crescimento de 177% em 2021, para R$ 5 milhões. Atualmente, conta com 14 colaboradores e está presente em todas as regiões do Brasil. Hoje, existem mais de 100 sistemas diferentes com 110 milhões de processos ativos no Brasil sob análise da lawtech.

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? O interesse por tecnologia e empreendedorismo só aumentava e Vanessa se envolveu com o Movimento de Investidoras Anjo (MIA), que tem como principal objetivo investir em startups que são lideradas por mulheres, além de ser um incentivo e apoio para as empreendedoras de negócios de alto impacto. E foi justamente por meio desse segmento de investidores anjos que Vanessa encontrou mentores que a ajudaram a fundar a Deep Legal. Logo, ações de união entre as mulheres no empreendedorismo se mostraram fundamentais.

  • TYR Energia

Setor: EnergyTech

Joana Waldburger – Diretora Executiva na TYR Energia

De onde é: Rio de Janeiro-RJ

Lideranças femininas: Joana Waldburger – Diretora Executiva – Advogada formada pela UFF (Universidade Federal Fluminense), com MBA em gestão empresarial pela FGV/RJ, Joana atuou como responsável da área de grandes clientes da Light S/A, gerenciando todo o relacionamento comercial e cobrança dos clientes corporativos e poderes públicos. Além disso, ela possui passagem pela área comercial de empresas do Grupo Enel (Ampla e Eletropaulo). 

Trajetória da startup: A TYR Energia é uma startup que, sem custos para o consumidor, garante desconto na conta de luz de até 20%. A energia fornecida pela TYR aos clientes é 100% de fontes limpas (hídrica, eólica, solar e biomassa – lixo), agregando valor para os clientes e contribuindo para o meio ambiente. Os monitores inteligentes agregam tecnologia e fornecem dados do consumo em tempo real, acessíveis pela plataforma ou app da startup, estabelecendo metas e economizando ainda mais. Mais de R$ 19 milhões já foram economizados pelos clientes da TYR Energia com o uso de energia renovável. Isso possibilita que condomínios e negócios façam a transição para greenbuildings, ou seja, construções com mais sustentabilidade e menos impactos. 

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? As mulheres são maioria na população brasileira, mas são minoritárias em cargos de chefia. Para isso, Joana considera importante o empoderamento feminino nas empresas, para aumentar a representatividade e gerar valor por meio da diversidade de opiniões e de pessoas.

  • Healx

Setor: Healthtech

De onde é: Rio de Janeiro – RJ

Leila Kuster – empresária na Healx

Lideranças femininas: Leila Kuster é ex-bailarina e empresária do ramo de Saúde e Qualidade de Vida há 24 anos. Iniciou sua carreira implementando um projeto na IBM visando a correção da LER em profissionais de escritório. A partir daí, conquistou contas como Ponto Frio, Michelin, Glaxo SmithKline, Sesc, Intelig, Vivo, Motorola, Souza Cruz, Wella do Brasil e depois desenvolveu um programa na área de Petróleo e Gás de Qualidade de Vida com foco em queda na sinistralidade que se tornou o embrião da Healx. 

Trajetória da startup: Empresa com seis meses de criação, acabam de fechar parceria com a rede francesa Accor. O projeto piloto será implementado em São Paulo, em setembro de 2021, com possibilidade de replicação em outros Estados. 

Por que a startup considera importante o empoderamento feminino? Leila considera que a equidade entre gêneros é fundamental, mas que já é hora também de perceber características femininas como um asset de altíssimo valor. Gestões políticas mostram que a condução feminina é um sucesso. A Healx tem uma CEO e outras mulheres em cargos de liderança.