A geotecnologia como solução no combate à crise hídrica
Especialista mostra como a geotecnologia pode ajudar a contornar situação crítica dos reservatórios hidrelétricos que operam com menos de 20% da capacidade
Com a escassez de chuvas, o Brasil vive a pior crise hídrica nos últimos 91 anos, conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), que monitora os reservatórios do País. No Sudeste e Centro-Oeste, que são responsáveis por 70% da geração de energia do país, os reservatórios operam com menos de 20% da capacidade, podendo chegar a 10% em novembro.
Para evitar que a crise atinja patamares ainda mais preocupantes, especialistas acreditam que seja necessário o uso da geotecnologia para melhorar a gestão dos recursos hídricos por meio da coleta de informações sobre a água e os reservatórios, aliada com a precisão das soluções tecnológicas.
De acordo com Diogo Reis, da Imagem Geosistemas, as pesquisas ganham mais produtividade e assertividade com o uso da tecnologia, para o monitoramento remoto com imagens de satélite, sensores de telemetria e modelos com machine learning.
Crise energética e racionamento
A crise relacionada aos níveis dos reservatórios de água tem como maior consequência a queda significativa na capacidade de produção de energia a partir dos principais reservatórios. Porém, o risco de falta e racionamento de água já se tornou realidade em algumas regiões do país, como em parte de Minas Gerais e no interior de São Paulo. Logo, caso não seja combatida, a crise pode se agravar e englobar também os outros níveis de uso da água em boa parte do Brasil, como no abastecimento público e na agricultura.
O uso da tecnologia, conforme Reis, deve ser o caminho para o monitoramento dos níveis dos reservatórios, a fiscalização ambiental nas bacias hidrográficas, os estudos de previsibilidade para identificar situações críticas e de emergência e a regularização de áreas em situação inadequada. Além de contribuir para o planejamento de gerenciamento de crise, a geotecnologia também pode auxiliar os governos na tomada de decisão quanto ao racionamento de água, por exemplo.
Outro fator de extrema relevância quando a geotecnologia entra em cena neste tipo de cenário é a proteção e conservação das bacias hidrográficas, que tem um impacto direto na capacidade de reposição e armazenamento de água nos reservatórios. “Os serviços tecnológicos podem garantir as políticas de preservação ambiental, proteção a matas ciliares e conservação de áreas de proteção permanente (APP), estratégias que contribuem para minimizar a escassez dos recursos hídricos no médio e longo prazo”, afirma Reis.
Várias fontes de dados
Soluções desenvolvidas na área de geotecnologia têm mostrado a relevância da análise de dados para elaborar soluções de longo prazo, incluindo desde geodatabase a planilhas alimentadas manualmente.
Essas fontes podem ser sistemas ou banco de dados já existentes nas organizações, que muitas vezes coletam dados em campo (como nível dos reservatórios, vazão em rios, pressão em sistemas de adução) e podem ser integrados a um software.
Com informações da assessoria